Número 7 (2015)
Tema: Estudos Sobre António Aragão
Organização: Rui Torres
Cinquenta anos depois das primeiras actividades colectivas da Poesia Experimental Portuguesa (PO.EX), a revista Cibertextualidades apresenta um número totalmente dedicado ao estudo da obra de António Aragão, autor madeirense (1921-2008) cuja produção artística inclui pintura, poesia, ficção e teatro. Demarcando-nos do óbvio - António Aragão foi um dos organizadores dos dois números da revista Poesia Experimental (1964, 1966) e é uma figura central na dinamização e difusão de actividades da PO.EX - serão poucos os adjectivos com que poderíamos, nesta breve introdução, caracterizar a obra de António Aragão no âmbito das Cibertextualidades. Ancorada nos conceitos de cibertexto e de literatura ergódica propostos por Espen Aarseth, a revista Cibertextualidades tem como objectivo estudar e divulgar não apenas as obras que usam o computador e os novos meios digitais, mas todo um conjunto de textos que historicamente se apresentam como máquina ou dispositivo para produção e consumo de signos. Não se limitando, portanto, ao estudo das textualidades electrónicas, propõe-se, ao invés, apresentar uma “perspectiva” acerca das formas de textualidade, concentrando-se no efeito estético e na capacidade de “produção de variedade de expressão”. A intermedialidade que caracteriza os textos híbridos do experimentalismo antecipa e prevê a convergência e a interdisciplinaridade, hoje em dia convocadas pelos média e pelo próprio sistema da ciência, antecipando desse modo os fluxos e as dinâmicas que caracterizam a sociedade da informação e do conhecimento. Compreender a cibercultura que os novos média têm vindo a promover e a possibilitar passa, nesse sentido, por compreender igualmente o modo como António Aragão utilizou e apropriou variados dispositivos tecnológicos, deformando-os, desviando o seu uso habitual, criando nos leitores um sentido agudo de estranhamento.
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